A peça 'Pedro!' terá sua estreia
no dia 21, às 20h no Museu de Arte Sacra de Mato Grosso, em Cuiabá. A atração,
encenada pelo Grupo Cena Onze, faz uma homenagem a Dom Pedro Casaldáliga, bispo
emérito de São Félix do Araguaia, cidade a 1.159 quilômetros de Cuiabá.
O espetáculo é inspirado na vida
do bispo que prega o lema 'Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar
e, sobretudo, nada matar'. O texto da peça tem como fontes as obras de
Casaldáliga: Sonetos Neobíblicos, Precisamente, Espiritualidade da Libertação,
Murais da Libertação, Tierra, Pedro, Ameríndia, Morte e Vida e Orações da
Caminhada. A peça conta ainda com a participação especial do Grupo de Capoeira
Porto da Barra. A atração é dirigida por Paulo Fabio e Alessandra Barros com
direção geral de Flávio Ferreira.
Há mais de 20 anos a Companhia
Cena Onze de Teatro emociona o público com seus espetáculos. A peça “Pedro”
mostra os momentos e textos do então bispo Dom Pedro Casaldáliga, de São Félix
do Araguaia, que trouxe aos excluídos a liberdade e força para lutar contra a
injustiça. Com o texto do próprio Pedro, a inspiração de sua vida trouxe ao
palco como tributo a sua humanista obra cristã e solidária.
Todas as pesquisas sobre
CASALDALIGA iniciaram-se em 2009, quando o diretor Flávio Ferreira esteve
pessoalmente com ele em São Félix, ocasião em que se encantou com esse homem
abençoado, que dedicou toda a sua vida lutando por justiça social. Encontros com pessoas importantes, que
conhecem os conflitos envolvendo índios, negros, peões e sem terras. Além dos
laboratórios de vivências, assistimos vídeos; nossos atores e atrizes foram à
exaustão em oficinas de dança, canto e instrumentais; tudo na busca do
aperfeiçoamento do trabalho.
Com participações especiais do
Grupo de Capoeira “Porto da Barra”. A coreografia das três raças trouxe ao
corpo de dança um espetáculo a parte que marca com uma performance moderna os
gritos dos negros, índios e brancos escravos torna o espetáculo mais acensão ao
deslumbre dos textos de Casaldáliga.
A peça “Pedro” tem o patrócinio
do Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Mato
Grosso, Conselho Estadual de Cultura, com apoio cultural do Colégio Master,
ECO2 Neutralização, Grantur, Academia Jacarezinho, Big Lar, Entrevia de Teatro,
Ótica Diniz, Universal Segurança, Prefeitura Municipal de Cuiabá, OAB MT,
Livraria Janina, Allegro Studio de Artes, STETTCR, IDM Informática, Unimed
Cuiabá, Museu de Arte Sacra e Gráfica Defanti.
ELENCO:
PEDRO CASALDALIGA: Paulo Fábio
NARRADOR: Otávio Augusto
ÍNDIOS(AS), NEGROS (AS) e SEM
TERRAS: Maiara Giovanini, Genisis Almeida, Odinamar Borges, Cléia Gattass, Luna
Maldonado, Anderson Nobre, Ronaldo José, Mariana Ferreira, Nelson Freitas,
Tiago Taveira, Carlos Rassi, Edilaine , Wilton Prestes, Ívena Botelho, Valdir Xavier, Meire Xavier, Edileuza , Joice
Amaral, Andressa Oliveira, Milene Xavier, Mirele Xavier.
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: Índio
Xavante Xisto.
TÉCNICA FICHA
TEXTOS: Pedro Casaldaliga
ADAPTAÇÃO: Paulo Fábio,
Alessandra Barros e Flávio Ferreira
CONTRA REGRAS: Cena Onze
CRIAÇÃO DE CENÁRIO, FIGURINO e
MAQUIAGEM: Cena Onze
CONFECÇÃO DE FIGURINO: Jane
Klitzke
CONFECÇÃO DE CENÁRIO: Edson Jabur
e Zé Dias
ILUMINAÇÃO e SONOPLASTIA: Bruno
Pinheiro
DESIGNER GRÁFICO, ASSESSORIA e
FOTOGRAFIAS: Marcondes Araújo
MÚSICOS: Paulo Fábio, José Roque,
Cléia Gattass, Mestre Augusto, Wilker Cristian, Skorpion e Celebridade
ORIENTAÇÃO VOCAL: Maestrina Sônia
Mazetto
COREOGRAFIA: Márcia Cambahuba
GRUPO DE CAPOEIRA “PORTO DA
BARRA”: Mestre Augusto Amaral
PRODUÇÃO: Janaína Borges
DIREÇÃO: Paulo Fábio e Alessandra
Barros
DIREÇÃO GERAL: Flávio Ferreira
SERVIÇO:
QUANDO: 21/09 a 04/11 (sextas e
sábados)
LOCAL: IGREJA DO BOM DESPACHO
HORÁRIO: 20H (sextas) 19h
(sábados)
INFORMAÇÕES: (65) 9627-5565 e
8113-2417
ENTREVISTA NO BOM DIA MATO GROSSO TVCA (GLOBO)
SOBRE DOM PEDRO CASALDÁLIGA
Ingressou na Congregação
Claretiana em 1943, sendo ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona, no dia 31
de maio de 1952. Em 1968, mudou-se para o Brasil.
Foi nomeado administrador
apostólico da prelazia de São Félix do Araguaia no dia 27 de abril de 1970. O
Papa Paulo VI o nomeou bispo prelado de São Félix do Araguaia (Mato Grosso), no
dia 27 de agosto de 1971. Sua ordenação episcopal deu-se a 23 de outubro de
1971, pelas mãos de Dom Fernando Gomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia e de
Dom Tomás Balduíno, OP e Dom Juvenal Roriz, CSSR. Foi bispo da sé titular de
Altava até 1975.
Adepto da teologia da libertação,
adotou como lema para sua atividade pastoral: Nada possuir, nada carregar, nada
pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras
poéticas sobre antropologia, sociologia e ecologia.
Dom Pedro já foi alvo de inúmeras
ameaças de morte. A mais grave, em 12 de outubro de 1976, ocorreu no povoado de
Ribeirão Bonito (Mato Grosso). Ao ser informado que duas mulheres estavam sendo
torturadas na delegacia local, dirigiu-se até lá acompanhado do padre jesuíta
João Bosco Penido Burnier. Após forte discussão com os policiais, o padre
Burnier ameaçou denunciá-los às autoridades, sendo então agredido e, em
seguida, alvejado com um tiro na nuca. Após a missa de sétimo dia, a população
seguiu em procissão até a porta da delegacia, libertando os presos e destruindo
o prédio. Naquele lugar foi erguida uma igreja.
Por cinco vezes, durante a ditadura
militar, foi alvo de processos de expulsão do Brasil, tendo saído em sua defesa
o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.
Em 1994 apoiou a revolução de
Chiapas, no México, afirmando que quando o povo pega em armas deve ser
respeitado e compreendido.
Em 1999 publicou a
"Declaração de Amor à Revolução Total de Cuba".
No ano 2000, foi agraciado com o
título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas.
Seu amor à liberdade inspirou sua
luta contra a centralização do governo da Igreja, pois considerava que a visão
de Roma era apenas uma a mais entre as várias possíveis, que a Igreja deveria
ser uma comunhão de igrejas. Achava que se deveria falar da Igreja que está em
São Félix do Araguaia, assim como se fala da Igreja que está em Roma, pois
unidade não tem que ser sinônimo de centralização e sim de descentralização.
Com problemas de saúde, Dom Pedro
apresentou sua renúncia à Prelazia, conforme o Can. 401 §1 do Código de Direito
Canônico, em 2005. No dia 2 de fevereiro de 2005 o Papa João Paulo II aceitou
sua renúncia ao governo pastoral de São Félix.
Mesmo depois da renúncia, Dom
Pedro, como era de se esperar, não perdeu a combatividade e a franqueza,
afirmando, por exemplo que o governo Lula gosta mais dos ricos do que dos pobres
, apoiando o MST e a Via Campesina, criticando a hierarquia da igreja que
deveria se abrir ao diálogo em lugar de excomungar e proibir, defendendo a
ordenação de mulheres e afirmando ser contra o celibato sacerdotal..